Como assim?
Tem uma personagem que adoro e que
exemplifica bem o conceito de leitura que estou tentando colocar aqui. O detetive Sherlock Holmes - criado pelo escritor Arthur Conan Doyle - personifica
o que chamo de poder de leitura. Através do tato, olfato, visão, audição, até
do paladar, além de uma brilhante capacidade de dedução, ele consegue não só de
desvendar os mais misteriosos crimes, mas também de reconstruir narrativas
inteiras e interpretá-las de forma brilhante. Ou seja, ele simplesmente faz leituras o tempo todo em suas empolgantes aventuras.
Isso acontece conosco também,
pois nós não lemos somente com nossos olhos, mas sim com o corpo e toda nossa
cultura. Leitura não é só decodificar de letras e palavras elencadas e sim uma
prática de interação constante que envolve texto, autor, leitor, contexto e emoções. Ou seja,
uma mistura de vários elementos que podem promover em nós uma forte mudança de
estado de espírito. E dependendo do objetivo da leitura e da maneira como for
conduzida, pode nos levar a outros estágios de percepção e compreensão da
vida, do mundo e de nós mesmos.
Leitura não se resume a livros.
Existem diferentes objetos de
leitura, livros, pinturas, músicas, poesia, danças, teatro, diferentes tipos de narrativas. Você pode fazer uma leitura apenas com o intuito de obter informação objetiva e ler um jornal, uma revista cientifica ou bula de medicamento; pode fazer uma leitura para mero entretenimento ou até mesmo se permitir experimentar estéticas literárias mais elaboradas para o simples fruir do devir.
A literatura,
a arte, assim como as diferentes linguagens artísticas, de modo geral nos oferecem interessantes exemplos de “coisas pra ler” e experimentar o fruir da palavra. Acredito que cada uma delas com suas próprias particularidades, nos permitem trilhar um caminho incrível de mudança de estado de espírito e
elevação de consciência, pois não atuam somente no campo da emoção, mas também no
campo da razão.
Sou amante da arte literária e realmente
acredito na literatura como terapia, como caminho de transcendência e elevação.
Além de ferramenta de formação,
entretenimento e outras funções que se queira atribuir, a literatura tem o
poder de estabelecer diálogos com aspectos mais íntimos de nossa mente.
Uso o
termo literatura como a representação de um conjunto bem amplo de produções
artísticas, que se organizam esteticamente em torno da palavra (não me refiro
somente aos cânones literários). Ou seja, os causos, histórias, poemas, canções, cordel, teatro e tudo o que
puder estabelecer essa ponte de diálogo entre nossa poética e o mundo.
E por que precisamos da
literatura?
Porque ela nos humaniza. Os objetos
literários, estruturados e de relevância estética, dialogam com nosso caos interior
e promovem perturbação e ordem ao mesmo tempo, fazendo vir à tona o que há de
mais profundo em nós, pois opera alternadamente entre nosso estado consciente e inconsciente. E ao trazer todo nosso estado de espírito mais íntimo à flor da pele, somos levados a lidar com ele. Com nossos pensamentos, sentimentos e inquietações mais íntimos.
Talvez isso explique um pouco, porque determinadas leituras são perturbadoras, porque gostamos mais de um tipo de história do que de outro, ou porque nos apegamos ou odiamos determinado personagem. Estamos o tempo todo dialogando, consciente ou inconscientemente com o objeto literário que nos dispomos a conhecer. Nós nos envolvemos com a palavra e isso é fenomenal.
Talvez isso explique um pouco, porque determinadas leituras são perturbadoras, porque gostamos mais de um tipo de história do que de outro, ou porque nos apegamos ou odiamos determinado personagem. Estamos o tempo todo dialogando, consciente ou inconscientemente com o objeto literário que nos dispomos a conhecer. Nós nos envolvemos com a palavra e isso é fenomenal.
A capacidade de fabular, de se perder
num devaneio, de se emocionar com uma história, de criar e fruir a ficção, proporciona à nossa jornada um sentido mais amplo e mais interessante do que o simples
nascer, crescer, se reproduzir e morrer. Portanto, ler e se envolver com a fruição literária, significa não se limitar ao destino biológico e buscar fazer da existência algo mais significativo e menos sofrível possível.
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Vem gostar de ler!
Ler é sair da mediocridade do
cotidiano, gostar de ler é um gesto de rebeldia contra as limitações impostas
pelas circunstâncias da vida. Ler é se aventurar num caminho sem volta para o
desenvolvimento pleno do ser. Experimentem!
Se por acaso você ainda não sabe por onde começar, deixei aqui algumas dicas pra quem quer se iniciar nessa jornada de pleno desenvolvimento do ser e se aventurar nos caminhos da leitura.
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Boas leituras e boas aventuras literárias!
Karina Guedes
@okarapoetica