Não se trata de dar poder simplesmente e reproduzir a lógica
da dominação. Não é o poder de lugar/cargo/função e sim o poder de ser e ter a
consciência disso. Empoderar significa também elevar a consciência. Afinal
poder sem elevação de consciência, contribui ainda mais para as opressões. A Teoria do Empoderamento coloca a importância
de empoderar as minorias oprimidas, não para agir individualmente, e sim coletivamente no combate às opressões.
Joice Berth apresenta de maneira didática como a Teoria da Conscientização de Paulo Freire inspirou a Teoria do
Empoderamento, utilizada pela assistente social e psicóloga Barbara Briant
Solomon com as comunidades negras norte-americanas, da década de 1970, em
estado de extrema vulnerabilidade social e como essa teoria pode ser muito
importante para a construção da subjetividade de grupos minoritários.
Empoderamento não é só uma palavra, é uma teoria que envolve
elevação de consciência como um todo e iniciação de processos coletivos de luta. Essa elevação de consciência implica,
dentre outras coisas, ter uma visão crítica da realidade sob os aspectos psicológico, político e econômico. Esses aspectos estão intrinsicamente interligados. Trata-se de uma teoria complexa e
vai pra além dos discursos rasos das redes sociais. O problema é concreto,
portanto, as ações que se dispõem a enfrentá-lo também precisam ser.
A interpretação rasa desta teoria, tão disseminada nas redes
sociais, vai dizer que empoderamento feminino é a superação individual de certas
opressões, mas sem romper de fato com as estruturas opressoras, como se fosse
possível se libertar das opressões sozinho. Enquanto a Teoria do Empoderamento, propõe pensar conjuntos de estratégias necessariamente antirracista,
antissexistas e anticapitalistas.
Grupos despolitizados, a mídia burguesa e o mercado, utilizam do termo empoderamento totalmente estereotipado e exteriorizado de sentido mais profundo para estabelecer uma ponte de diálogo com as mulheres que iniciam sua elevação de consciência, para na verdade continuar com práticas de dominação e poder e continuar exercendo controle social.
Grupos despolitizados, a mídia burguesa e o mercado, utilizam do termo empoderamento totalmente estereotipado e exteriorizado de sentido mais profundo para estabelecer uma ponte de diálogo com as mulheres que iniciam sua elevação de consciência, para na verdade continuar com práticas de dominação e poder e continuar exercendo controle social.
E este é um bom motivo para ler este livro. Não se deixar
enganar pela resposta fácil, superficial e incompleta que se tem colocado para
essa questão. O empoderamento é importante para o processo de elevação da consciência
das minorias marginalizadas e oprimidas e não pode ser um assunto tratado como
de menor importância e muito menos banalizado em redes sociais.
A maneira como Joice explica toda a necessidade de se
empoderar as minorias, é clara e objetiva. Difícil concluir esta
leitura com uma compreensão rasa sobre o assunto. Temos aqui uma leitura fluida,
mas muito intensa. Fundamentalmente necessária para quem quer de fato se
aprofundar no tema e não cair no limbo da interpretação empobrecida de sentido, ou pior, refutar
a ideia antes mesmo de conhecê-la devidamente. Convido todos e todas a ler este
livro.
OBS: Tem um vídeo ótimo de uma entrevista ótima que a Joice
deu para Mariana Xavier em seu canal, confiram. [AQUI]
SOBRE A AUTORA:
Joice Berth, arquiteta e urbanista pela Universidade Nove de
Julho, especialista em Direito Urbanístico, pesquisa sobre Direito a cidade com
recorte de gênero e raça, foi colunista do site Justificando e atualmente escreve
para a revista Carta Capital.
Karina Guedes
@okarapoetica